TRIVINÕS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciência sociais: a pesquisa qualitativa em educação.1. ed. – 14. reimp. – São Paulo: Atlas, 2006.
“Sente-se que a dialética é coisa muito árdua e difícil, na medida em que o pensar dialeticamente vai contra o vulgar senso comum, que é dogmático, ávido de certezas peremptórias”. A. Gramsci.
Originalmente, Dialética quer dizer a arte do diálogo, da contraposição de idéias que leva a outras idéias. O conceito de dialética, porém, é apropriado por diferentes doutrinas filosóficas e, de acordo com cada uma delas, assume um significado exemplarmente distinto. (Simone Helen Drumond)
Para Platão (427 a.C.-347 a.C.), a dialética é sinônimo de filosofia, o método mais eficaz para se aproximar as idéias particulares das idéias universais ou puro. Para ele, apenas por meio do diálogo o filósofo pode procurar atingir o verdadeiro conhecimento, partindo do mundo sensível e chegando ao mundo das idéias. É a técnica de perguntar, responder e refutar, que ele teria aprendido com Sócrates (469 a.C.-399 a.C.). Por meio da decomposição e da investigação racional de um conceito, chega-se a uma síntese, que também deve ser examinada, num processo infinito que busca a verdade.
Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.) define a dialética como a lógica do provável, do processo racional que não pode ser demonstrado. "Provável é o que parece aceitável a todos, ou à maioria, ou aos mais conhecidos e ilustres", diz o filósofo.
O alemão Emmanuel Kant (1724-1804) retoma a noção aristotélica quando define a dialética como "lógica da aparência". Para ele, a dialética é uma ilusão, pois se baseia em princípios que, na verdade, são subjetivos.
Dialética e História
No início do século XIX, Friedrich Hegel (1770-1831) apresenta a dialética como um movimento histórico do espírito em direção à autoconsciência. É um processo movido pela contradição: uma tese inicial se contradiz e é ultrapassada por sua antítese. Por sua vez, essa antítese, que conserva elementos da tese, é superada pela síntese, que combina elementos das duas primeiras, num progressivo enriquecimento.
Hegel usa esse processo para justificar uma unidade entre espírito e natureza, conciliando conceitos religiosos e científicos.
Segundo ele, a História da humanidade cumpre uma trajetória dialética que é marcada por três momentos: tese, antítese e síntese. O primeiro vai das civilizações orientais antigas até o surgimento da Filosofia na Grécia. Hegel o classifica como objetivo, porque considera que o espírito está imerso na natureza.
O segundo é influenciado pelos gregos, mas começa efetivamente com o cristianismo e termina com Descartes. É um momento subjetivo, no qual o espírito toma consciência de sua existência e surge o desejo de liberdade.
O terceiro, ou a síntese absoluta, acontece a partir da Revolução Francesa, quando o espírito consciente controla a natureza e o desejo de liberdade se concretiza na concepção do Estado moderno.
Dialética marxista
Karl Marx (1818-1883) e Friederich Engels (1820-1895) reformam o conceito hegeliano de dialética: utilizam à mesma forma, mas introduzem um novo conteúdo. Chamam essa nova dialética de materialista, porque o movimento histórico, para eles, não é produzido pelo espírito. Consideram que o espiritual é apenas um produto derivado das condições materiais da vida.
A dialética materialista analisa a História do ponto de vista dos processos econômicos e sociais e a divide em quatro momentos: Antiguidade, feudalismo, capitalismo e socialismo. Cada um dos três primeiros é superado por uma contradição interna, que eles chamam de "germe da destruição". A contradição da Antiguidade é a escravidão. Do feudalismo, os servos. Do capitalismo, o proletariado. E o socialismo seria a síntese final, em que a História cumpre seu desenvolvimento dialético.
Segundo Vieira Pinto: “(...) a dialética interpreta o processo da realidade vendo nele uma sucessão de fenômenos, cada um dos quais só existe enquanto contradição com as condições anteriores, só surge por negação da realidade que os engendra, e se revelará produtivo de novos efeitos objetivos unicamente na medida em que estes, sendo o ‘novo’ recém surgido, negam aquilo que os produziu. (...)”. Partindo deste ponto de vista e nos reportando para o nosso universo escola, faz-se necessário darmos uma nova holística acerca da evasão escolar, desde as primeiras séries iniciais (Ensino Infantil), pois tal olhar, auxiliar o educador a mediar condições necessárias para que os educandos possam caminhar por sua trajetória escolar, sem que fatores econômicos, seja o maior empecilho para sua busca de um futuro melhor. O segredo do deste pensamento dialético é, portanto, saber conciliar os pólos opostos e complementares, a fim de que se obtenha sempre uma visão equilibrada daquilo que se escolhe como objeto de estudo. O estudo que visa a permanente fusão e superação de idéias, jamais se apega às idéias em si, mas ao ideal suprema de beleza e verdade que deveria caracterizar e nortear toda busca de conhecimento desprovido de desvalorização ao educando.
Segundo Carlos R. Jamil Cury, em seu livro “Educação e Contradição”, página 30, parágrafo II: “Assim, a realidade no seu todo subjetivo-objetivo é dialética e contraditória, o que implica a centralidade desse conceito na metodologia proposta. A contradição sempre expressa uma relação de conflito no devir do real. Essa relação se dá na definição de um elemento pelo que ele não é. Assim, cada coisa exige a existência do seu contrário, como determinação e negação do outro. As propriedades das coisas decorrem dessa determinação recíproca e não das relações de exterioridade”. Por isso, a comunidade familiar deve ser constantemente estimulada para uma participação efetiva na escola, tal participação em nosso ponto de vista, iria reduzir os graves problemas políticos de desvios das verbas educacionais, baixa progressão cognitiva dos educandos do ensino publico e principalmente a marginalidade no pais teria baixo índice. Mas, enquanto a família passar suas responsabilidades a terceiros, a educação projetiva de seus filhos será uma incógnita.
3. Conclusão
Nesse expormos o conceito de Dialética desde os primeiros filósofos da Grécia Antiga até a concepção proposta por Kant já no mundo moderno. Apresenta uma discussão sobre o conceito de Dialética, levando em conta os seus aspectos históricos, contextuais e as divergências presentes em cada momento, de acordo com as concepções em evidência e a evolução do termo para a compreensão dos diversos períodos da História da Filosofia. O “movimento” em Heráclito, a Retórica dos Sofistas, o “diálogo” em Sócrates, o “método para se chegar ao Bem” em Platão, a “opinião geralmente aceita” em Aristóteles, o “sim e o não” em Abelardo, a lógica da aparência em Kant, são definições que permearam toda a história do conceito de Dialética e trata-se aqui de forma simples e sucinta.
Gostei do conceito de Dialética,curto e obrjetivo. Muito Obrigada .
ResponderExcluirbeijos =)
Parabéns, muito bom mesmo!
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