A EDUCAÇÃO COMO RESPONSABILIDADE DO ESTADO
Texto de Simone Helen Drumond de Carvalho
Sabemos que a escola é de responsabilidade do Estado, portanto ela
pertence ao povo, comunidade, dos menos favorecidos. Mas ela é de todos?
No papel sim, na propaganda política também, mas ela mesma sendo
pública é de todos, mas nem sempre atende a todos.
Existe um
número muito baixo de escolas para atender todas as crianças que
dependem do ensino público. Por serem escolas públicas o ensino deveria
ter mais qualidade, e não é isso que vemos.
Enganam-se, o
ensino não é gratuito, pagamos por ele todas as vezes que vamos ao
supermercado, ao shopping, nos pedágios por via de impostos, sem contar a
CPMF que é um imposto recolhido pelo banco.
Baseando nos
impostos que são recolhidos e destinados à educação como máscara na
propaganda política, a escola pública deveria ser melhor. Algumas por se
localizarem em lugares mais conhecidos da capital apresentam uma cara
melhor, nada de grades, pichações, bom rendimento dos alunos. Mas a
grande maioria sofre com falta de recursos, por isso dependem de eventos
realizados pelas mesmas para arrecadar fundos para garantir melhores
condições.
Outro problema grave é a falta de valorização dos
profissionais da educação. Educadores passam uma boa parte da sua vida
se qualificando para exercer bem o seu papel, mas não é reconhecido no
que diz respeito a melhores salários. Não são reconhecidos nem pelo
governo nem sempre pelos pais de seus alunos que transmitem esse
desrespeito ao filho e o mesmo não valoriza o professor nem a escola.
A educação é de responsabilidade do Estado, e o mesmo aparentemente não quer aceitar a tarefa de educar.
O País anda as voltas com a onda de vamos educar, formar cidadãos de
bem, dignos, democráticos, que possam exercer o seu direito de votar, é
só nisso que eles pensam a impressão que temos e que exercemos nosso
direito de cidadão apenas quando votamos.
A mídia enche a mente
da população com campanhas de conscientização que ostentam uma única
mensagem: educar, o caminho para o primeiro mundo. O problema é que
informar o povo sobre a obrigatoriedade da educação não ajuda os
indivíduos compreenderem a real necessidade e a devida utilidade dela
para o processo de desenvolvimento. Realmente a um descaso do Estado com
relação à Educação, podemos notar isso em salas lotadas, professores
apenas passando lição na lousa. É um ou outro aprendendo, por que ele
não tem condições de dar atenção a todos já que os números são
estrondosos.
Segundo Paro (1995, p. 14), em entrevistas
recolhidas para o seu livro “por dentro da escola pública”, uma
entrevistada observou que o Estado não está interessado na educação,
quanto menos a população souber, melhor para eles é mais fácil governar.
É o resultado de um voto sem consciência, por que eles são eleitos
através do povo, e somente esse povo será capaz de mudar a realidade da
educação brasileira. Nada mais somos do que os resultados do meio em que
vivemos nada fazem para mudar, pois estamos conformados com essa
roubalheira e não acreditamos que tenha solução. É dever do Estado,
oferecer condições básicas para o acesso e permanência dos indivíduos na
escola.
Sabemos que o ensino público está desgastado por culpa
do governo, mas também da população não exigir melhores condições.
Crianças passam a maior parte de seu tempo dentro da instituição
escolar, e quase sempre saem sem aprender a ler e a escrever por motivos
familiares ou por não conseguirem absorver o discurso do professor. As
salas geralmente são lotadas, e o professor tenta ser contorcionista
para conseguir atender a todos, e é nesse momento que muitos vão ficando
de fora não compreendendo o que está a vendo.
Há problemas
também com a infra-estrutura da escola. Muitas salas não possuem tamanho
adequado e mesas o suficiente para atender a demanda de alunos. Há
salas cheias de computadores para as aulas de informática que nem sempre
funciona ou nunca funcionou por falta de professor, uma manobra que o
professor poderia usar como meio de melhorar a qualidade da sua aula.
É triste saber que, dentre os muitos problemas que existem, somente uma
política pública muito séria conseguiria resgatar toda a satisfação do
corpo docente, dos pais e principalmente dos alunos que são os mais
prejudicados nessa história.
PARO, Henrique Vitor. Por dentro da escola pública. São Paulo. Xamã, 1995.