“Atualmente a matéria mais difícil da escola não é a matemática ou a biologia, a convivência, para muitos alunos e de todas as séries, talvez seja a matéria mais difícil de se aprendida.”
Devido a grande incidência da violência dentro das instituições escolares, está tem cada vez mais despertado a atenção de educadores e pais, embora nem sempre o assunto ganhe o espaço necessário para que o mesmo seja tratado na profundidade que merece, buscando suas causas, discutindo os problemas e buscando novas formas de convivência baseada no respeito absoluto às diferenças individuais. É mais um desafio para a comunidade escolar.
Ao se falar em situações de violência vivenciadas pela escola logo vem a mente a violência explícita, como pontapés, chutes e outras tantas formas de agressão enfrentadas pelos alunos, no entanto não se pode fechar os olhos frente à violência oculta, aquela capaz de deixar marcas profundas no psíquico do indivíduo e até mesmo ser o passaporte para a delinqüência juvenil. Neste contexto a atenção volta-se para um outro modo de violência, presente tanto nas escolas públicas e particulares e que acarreta um grande prejuízo à formação psicológica, emocional e sócio educacional do ser humano vitimado, o comportamento bullying.
A verdade é que este tipo de comportamento trás grandes problemas para todos. De acordo com Fante (2005), a vítima pode apresentar prejuízos na aprendizagem como déficit de concentração, queda do rendimento escolar, desinteresse pela escola, reprovação, evasão escolar. Pode apresentar também prejuízos emocionais como tristeza, angustia, ansiedade, transtorno mental, depressão, pensamento de vingança e de suicídio e adotar características anti-sociais. Já o agressor pode manifestar distanciamento dos objetivos escolares, ter dificuldade de adaptação às regras escolares, supervalorizar a conduta violenta como forma de obtenção de poder, consolidar condutas autoritárias e delituosas, bem como exibir condutas agressivas e violentas na vida adulta. Para os espectadores (sejam eles alunos, pais ou a comunidade escolar) podem acarretar ansiedade, insegurança, aflição, tensão, irritabilidade, medo de se tornar a próxima vítima, prejuízos no processo de socialização, desenvolvimento de atitudes de conivência, intolerância, individualismo e dificuldade de empatia.
São vários os motivos que levam uma pessoa a praticar o bullying ou cyberbullying. Dentre eles podemos citar de acordo com Lopes (2005), a desestrutura familiar , falta de relacionamento afetivo, maus tratos físicos e excesso de tolerância ou até mesmo algumas características próprias da criança como a impulsividade e a hiperatividade. Fante (2005) também apresenta outros fatores que também podem propiciar o comportamento bullying, como por exemplo, os meios de comunicação que banalizam a violência e que influenciam a formação da identidade da criança, bem como, o modo de afirmação dos pais que adotam como práticas educativas maus tratos físicos e explosões emocionais violentas.
A seguir estão algumas dicas que podem orientar a atuação dos educadores para a formação de uma cultura antibullying na escola:
Esclarecer o que é bullying;
Avisar desde o primeiro dia de aula que a prática do bullying não é tolerada na escola;
Demonstrar abertura para conversar com os alunos;
Escutar atentamente qualquer tipo de problema, reclamação ou sugestão dos alunos;
Estimular os alunos a avisar sempre que ocorrer o bullying;
Divulgar o bullying nas classes e estimular os alunos na busca de soluções;
Valorizar e reconhecer atitudes positivas de alunos no combate ao bullying;
Identificar os possíveis agressores;
Acompanhar atentamente o desenvolvimento de cada aluno;
Dar oportunidade aos alunos para que criem regras de disciplinas para suas próprias classes, em coerência com as regras gerais da escola;
Estimular lideranças positivas entre os alunos prevenindo a formação de agressores e futuros casos de bullying;
Incentivar e apoiar relações familiares positivas.
É sabido que existe uma cultura da violência, que banaliza o mal, que muitas vezes se torna indiferente frente à problemática que nos cerca, mas sobretudo é possível difundir uma cultura da paz, a favor da não violência, do amor ao próximo, do respeito a individualidade, do aprender a conviver, do aprender a viver junto, desenvolvendo a compreensão do outro e a sua importância para a sobrevivência. Enfim, é possível sonhar e agir para uma Cultura do Amor.
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