Na primeira semana depois das férias de julho percebemos que a Marcela estava entusiasmada com o retorno à escola. Estava bastante comunicativa com os amiguinhos e com a professora, às vezes até interrompia a fala dos outros para falar primeiro.
Iniciamos o trabalho com o tema “Álbum de figurinhas”. Proporcionamos debates e trocas de experiências sobre o assunto para darmos andamento nas outras atividades relacionadas com o tema e fazermos uma votação para escolher um único álbum para classe toda. Entretanto, a Marcela não conseguia parar para ouvir os amiguinhos, pois repetia sua opinião várias vezes seguidas, tentando convencer a todos que só ela tinha razão. Foi preciso a interferência da professora com alguns minutos de conversa particular.
Realizamos muitas atividades por dia, tais como: roda da conversa, hora da história, registro na apostila, escrita espontânea, jogos, brincadeiras, manuseio de materiais concretos, hora do lanche, recreação, aulas diversificadas (inglês, leitura e informática) e utilizamos músicas e artes visuais.
No decorrer da aula, percebemos que a Marcela presta atenção somente no início das atividades propostas e logo se dispersa brincando com o lápis e canetinha, ora mexendo na sua roupa, ora colocando o dedo no ouvido, ora tirando película de cola das mãos, ora picando papel, ora cortando seu próprio cabelo, ora desenhando na carteira, ora passando batom e olhando-se no espelho. Quando a professora pede para que faça sua atividade, às vezes ela só olha para professora e continua fazendo qualquer outra coisa menos o seu dever. Então é preciso que a professora lhe diga várias vezes o que se deve fazer, só com a insistência da professora ela começa a fazer e depois se distrai novamente e assim não consegue terminar a atividade.
Durante as aulas foi oferecido diversas ocasiões para que a Marcela tivesse um contato agradável com a linguagem escrita por meio de diferentes portadores de textos, como livros, jornais, convites, cartazes, cartões entre outros. No entanto, ela tem dedicado pouco do seu tempo para explorá-los, pois manuseia-os rapidamente e logo se distrai com coisas alheias.
Na segunda semana de aula, notamos que estava mais agitada, não conseguia ficar muito tempo sentada, pedia para ir ao banheiro e para tomar água a todo momento, às vezes ficava parada quieta por alguns minutos olhando para o vazio.
Quando a professora estava explicando algo, ficava olhando fixamente para a professora , mas não respondia quando era chamada.
Nas atividades que necessitava a escrita (cópia, escrita espontânea de palavra e frases), recusou-se a fazer e enquanto seus amiguinhos faziam as atividades ela se distraia com seus materiais.
Continuou demonstrando interesse em manusear e ler os gibis da classe, ficava eufórica ao utilizar tintas e pincel para desenhar.
No início da terceira semana de aula, a Marcela dormiu sentada na sua cadeira durante a aula e não acordou, mesmo com a chegada da mãe e foi para casa dormindo.
A Marcela sempre demonstrou seu grande carinho, admiração e amor pela família em especial pelo pai. Mas na semana que antecedeu o Dia dos Pais, ela se recusou a fazer um cartãozinho para o mesmo, depois de muita insistência e ajuda da professora, ela resolveu fazer.
Nesta mesma semana criou uma brincadeira simbólica dizendo que a classe era sua loja de perfumes de rosas, a cola era o maravilhoso perfume, a qual ela apertava e cheirava o ar da cola dizendo ser o mais maravilhoso perfume de rosas. Assim, ela agiu dentro da sala de aula, interrompendo todas as atividades para cuidar da loja de perfume de rosas. Ela ficava o tempo todo se dirigindo à porta da sala, abrindo e fechando-a para ver se estava chegando clientes.
Na hora da roda da conversa, interrompia qualquer assunto para falar da sua loja de perfumes de rosas.
Durante os ensaios da música do papai, enquanto todos estavam sentados em fila, a Marcela olhava para o teto apontando com o dedo alguns pontos imaginários, depois deitava e rodopiava no chão.
Nas situações – problema que participa geralmente fica esperando os amiguinhos falar a resposta.
Quando está sentada do lado de alguém que já terminou de fazer a atividade, ela às vezes resolve copiar de quem está do seu lado.
Desde que voltou das férias não tem feito nenhuma atividade completa, nem demonstra autonomia para realizá-las. Ao ser repreendida por várias vezes, para efetuar atividades de linguagem escrita ou as atividades de matemática, ela começa a fazer sozinha, mas logo se distrai ou começa dizer que odeia a tarefa, odeia a escola, odeia escrever e fazer contas.
Na quarta semana continuou o mesmo comportamento agitado com falas e brincadeiras simbólicas, constantemente recusando-se a fazer seus deveres, pedindo diversas vezes para ir ao banheiro, abrindo e fechando os armários da classe, escondendo-se dentro do mesmo, coçando freqüentemente o ouvido, o nariz e as partes íntimas, desenhando corações, garatujas e jogo da velha na mesa, na cadeira e até no armário da classe, enquanto todos os amigos realizavam com autonomia e independência suas atividades.
Percebemos que a Marcela não tem acompanhado o desenvolvimento esperado a sua faixa etária, conforme as exigências do segundo semestre do Infantil III. Diariamente tem se recusado a realizar as tarefas simples, tais como: auto-ditado, escrita espontânea de palavras, frases e textos, resolução de situações-problema orais e escritos, cópia da lousa e todos os tipos de registros escritos.
Neste caso, a interferência da professora tem sido constante para verificar a construção do conhecimento da Marcela, através de diálogos, questionamentos e indagações sobre os temas trabalhados em sala, mas nem sempre a Marcela representa oralmente os seus conhecimentos adquiridos, às vezes ela muda de assunto, outras vezes responde que não sabe.
Verificamos que ao fazer seu texto individual utiliza a escrita espontânea, fazendo o sonzinho das letras no inicio do texto, depois coloca letras aleatórias. Às vezes preenche as linhas com repetidas letras para acabar logo. Ainda não percebeu a segmentação entre as palavras e tem demonstrado dificuldade em dar seqüência de idéias na construção de um texto, mesmo oralmente.
Temos feito várias indagações no decorrer da construção da escrita da Marcela, para ela discernir os fonemas e representar os grafemas da forma convencional, pois podemos cobrar dela que pense e reflita ao escrever. Sempre fazemos perguntas sobre o que escreveu ou pretendia escrever. Assim estamos estimulando sua capacidade a todo momento.
Continuaremos observando as atitudes da Marcela durante o período de aulas, assim como seu o processo de aprendizagem.
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