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sábado, 13 de novembro de 2010

O que é ser professor?


Por que “ O mundo hoje é favorável às mudanças sonhadas por educadores como Antonio Gramsci, que entendia o educador como um intelectual organizador da cultura, Paulo Freire, que defendia o diálogo crítico como essência da educação e Florestan Fernandes, que sustentava que a emancipação só poderia vir a partir da organização “dos debaixo”. A nova pedagogia para a educação da humanidade não é apenas uma pedagogia da resistência, mas, sobretudo, uma pedagogia da esperança e da possibilidade”
(Moacir Gadotti)

Ser professor é viver intensamente o seu tempo com consciência e sensibilidade. Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores. Os educadores, numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e em consciência crítica, mas também formam pessoas. Diante dos falsos pregadores da palavra, dos marqueteiros, eles são os verdadeiros “amantes da sabedoria”, os filósofos de que nos falava Sócrates. Eles fazem fluir o saber - não o dado, a informação, o puro conhecimento - porque constroem sentido para a vida das pessoas e para a humanidade e buscam, juntos, um mundo mais justo, mais produtivo e mais saudável para todos. Por isso eles são imprescindíveis.

“Por que somos professoras?” É uma pergunta que nos fazemos com freqüência.

A resposta talvez possa ser encontrada no livro de Ladislau Dowbor, Tecnologias do conhecimento: os desafios da educação. Petrópolis, Vozes, 2001, onde há uma mensagem deixada por um prisioneiro de campo de concentração nazista na qual, depois de viver todos os horrores da Guerra – “crianças envenenadas por médicos diplomados; recém-nascidos mortos por enfermeiras treinadas; mulheres e bebês fuzilados e queimados por graduados de colégios e universidades” – ele pede aos professores que “ajudem seus alunos a tornarem-se humanos”, simplesmente humanos. E termina: “ler, escrever e aritmética só são importantes para fazer nossas crianças mais humanas”.

Talvez esteja aí a chave para entender a crise que vivemos: perdemos o sentido do que fazemos, lutamos por salário e melhores condições de trabalho sem esclarecer a sociedade sobre a finalidade de nossa profissão, dos nossos anseios, esquecemos até de mostrar que muitas escolas estão funcionando devido a nossa doação de saberes e bens materiais, por isso, faz-se necessário justificar porque estamos lutando.

Qual é o papel do educador, da escola, da educação? O que um professor pode fazer o que ele deve fazer o que é possível fazer?

Em meio as estes questionamentos é possível constatar um grande mal-estar entre os docentes, misturado às decepções, irritação, impaciência, ceticismo, perplexidade, paradoxalmente, existe ainda muita esperança. A esperança ainda alimenta essa difícil profissão. Há uma ânsia por entender melhor porque está tão difícil educar hoje, fazer aprender, ensinar, ânsia para saber o que fazer quando todas as receitas governamentais já não conseguem responder.

A transformação nas condições objetivas das nossas escolas não depende apenas da nossa atuação como profissionais da educação, de outro lado, creimos que sem uma mudança na própria concepção da nossa profissão ela não ocorrerá tão cedo. Enquanto não construirmos um novo sentido para a nossa profissão, sentido esse que está ligado à própria função da escola na sociedade aprendente, esse vazio, essa perplexidade, essa crise, deverão continuar.

Em sua essência, ser professor hoje, não é nem mais difícil nem mais fácil do que era há algumas décadas atrás. É diferente. Diante da velocidade com que a informação se desloca, envelhece e morre diante de um mundo em constante mudança, seu papel vem mudando, senão na essencial tarefa de educar, pelo menos na tarefa de ensinar, de conduzir a aprendizagem e na sua própria formação que se tornou permanentemente necessária.

Em resumo, poderíamos dizer que o professor se tornou um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e, sobretudo, um organizador da aprendizagem. Se falamos do professor de adultos e do professor de cursos a distância, esses papéis são ainda mais relevantes. De nada adiantará ensinar, se os alunos não conseguirem organizar o seu trabalho, serem sujeitos ativos da aprendizagem, auto-disciplinados, motivados.

“Ser professor”, não será “um ofício em risco de extinção”?

Em nossa visão globalizante, dizemos que sim, mas somente certos professores não comprometidos com a educação e concordamos com Luiza Cortesão quando em sua obra “Ser professor: um ofício em risco de extinção. São Paulo, Cortez/IPF, 2002”. Diz que hoje há uma evidente contradição entre o professor em branco e preto, o professor “monocultural”, bem formado, seguro, claro, paciente, trabalhador e distribuidor de saberes, eficiente, exigente e o professor “intermulticultural” que não é um “daltônico cultural”, que dá-se conta da heterogeneidade, capaz de investigar, de ser flexível e de recriar conteúdos e métodos, capaz de identificar e analisar problemas de aprendizagem e de elaborar respostas às diferentes situações educativas. Um não se pergunta porque ser professor. Simplesmente cumpre ordens, currículos, programas, pedagogias. Outro questiona-se sobre seu papel. Um está centrado nos conteúdos curriculares e outro no sentido do seu ofício. Sim, um certo professor está em risco de extinção. E isso é muito bom.

Ser professor na sociedade aprendente é...

... “ter uma concepção de educação; ter uma formação política, ética, isto é, ter compromisso; respeitar as diferenças; ter uma formação continuada; ser tolerante diante de atitudes, posturas e conhecimentos diferentes; preparar-se para o erro e a incerteza; ter autonomia didático-pedagógica; ter domínio do saber específico que leciona; ser reflexivo e crítico; saber relacionar-se com os alunos; ter uma formação geral, polivalente e transversal”. Enfim... fazer da profissão um projeto de vida.


Como ser professor na sociedade aprendente?

Hoje as teorias do conhecimento na educação estão centradas na aprendizagem, no ato de aprender, de conhecer.

- O que é conhecer?

Conhecer é construir categorias de pensamento, é “ler o mundo e transformá-lo”, dizia Freire. Não é possível construir categorias de pensamento como se elas existissem a priori, independentemente do sujeito que conhece. Ao conhecer, o sujeito do conhecimento reconstrói o que conhece.

- Como conhecer?

Só é possível conhecer quando se deseja, quando se quer, quando nos envolvemos profundamente com o que aprendemos. No aprendizado, gostar é mais importante do que criar hábitos de estudo, por exemplo. Hoje se dá mais importância às metodologias da aprendizagem, às linguagens e às línguas estrangeiras, do que aos conteúdos. A transversalidade e a transdisciplinaridade do conhecimento é mais valorizada do que os conteúdos longitudinais do currículo clássico.

Frente à disseminação e à generalização do conhecimento, é necessário que a escola e o professor, a professora, façam uma seleção crítica da informação, pois há muito lixo e propaganda enganosa sendo veiculados. Não faltam, também na era da informação, encantadores da palavra para tirar algum proveito, seja econômico, seja religioso, seja ideológico.

Conhecer é importante porque a educação se funda no conhecimento e este na atividade humana. Para inovar é preciso conhecer. A atividade humana é intencional, não está separada de um projeto. Conhecer não é só adaptar-se ao mundo. É condição de sobrevivência do ser humano e da espécie.



Aprender com emoção, ensinar com alegria isso também é ser educador.

Nós, educadores, precisamos ter clareza do que é aprender, do que é “aprender a aprender”, para entendermos melhor o ato de ensinar. Para nós, educadores, não basta saber como se constrói o conhecimento. Nós precisamos dominar outros saberes da nossa difícil tarefa de ensinar. Precisamos saber o que é ensinar, o que é aprender e, sobretudo, como aprender.

Ser professor, ser educador.

“Educadores, onde estarão?”, pergunta Rubem Alves, in Carlos R. Brandão (org.), O educador: vida e morte – escritos sobre uma espécie em perigo. São Paulo, Brasiliense, 1982, p. 16.

E ele mesmo responde: “Em que covas terão se escondido? Professores, há aos milhares, mas professor é profissão, não é algo que se define por dentro, por amor. Educador, ao contrário, não é profissão, é vocação. E toda vocação nasce de um grande amor, de uma grande esperança”. E continua: “Com o advento da indústria como poderia o artesão sobreviver? Foi transformado em operário de segunda classe, até morrer de desgosto e saudade. O mesmo com os tropeiros, que dependiam das trilhas estreitas e das solidões, que morreram quando o asfalto e o automóvel chegaram. Destino igualmente triste teve o boticário, sem recursos para sobreviver num mundo de remédios prontos. Foi devorado no banquete antropofágico das multinacionais”.

O educador, habita um mundo em que a interioridade faz uma diferença, em que as pessoas se definem por suas visões, paixões, esperanças e horizontes utópicos. O professor ao contrário, é funcionário de um mundo dominado pelo Estado e pelas empresas. É uma entidade gerenciada, administrada segundo a sua excelência funcional, excelência esta que é sempre julgada a partir dos interesses do sistema. Freqüentemente o educador é mau funcionário, porque o ritmo do mundo do educador não segue o ritmo do mundo da instituições. Não é de se estranhar que Rousseau tenha se tornado obsoleto. Porque a educação que ele contempla ocorre colada ao imprevisível de uma experiência de vida ainda não gerenciada”.: “Talvez que um professor seja um funcionário das instituições... O educador, ao contrário é um fundador de mundos, mediador de esperanças, pastor de projetos. Não sei como preparar o educador. Talvez que isto não seja nem necessário nem possível... É necessário acordá-lo. E aí aprenderemos que educadores não se extinguiram como. Lógico Rubem Alves revela-se polemico e muitas vezes irônico em seus escritos, mas em meias verdades, queremos deixar claro que é um contra-senso pensar que a classe dominante se disponha a oferecer um ensino popular de qualidade que desvende as relações de dominação existentes na sociedade: “A escola para o povo só tem sentido numa nova forma de organizar a sociedade. Não é possível fazer uma escola para todos dentro de uma sociedade para alguns! Ou seja, a democratização da escola precisa ser acompanhada de um novo projeto social”. Formar para e pela cidadania não pode limitar-se a uma formação genérica para uma sociedade que não existe. Uma educação cidadã precisa ser uma educação de classe.

Diante desse quadro, o professor competente, profissionalmente, o professor “que sabe”, não pode ficar indiferente. Porque ser comprometido, engajar-se, ser ético, faz parte da sua competência como professor. Como profissional do sentido, sua profissão está ligada ao amor e à esperança. Ela não se extinguirá enquanto houver espaço para a construção da humanidade.

Pensar a educação do futuro e o futuro da humanidade é pensar holisticamente, pensar a totalidade. E educar holisticamente é estimular o desenvolvimento integral do ser humano em sua totalidade pessoal - intelectual, emocional, física - relacionada com a totalidade do mundo da vida - os outros seres vivos, a comunidade, a sociedade - e a totalidade cósmica: a Terra, o universo. Educar holisticamente é entender o se humano como um ser que transcende, que ultrapassa todos os limites, “até o último horizonte”, como diz Leonardo Boff.

O professor precisa indagar-se constantemente sobre o sentido do que está fazendo. Se isso é fundamental para todo ser humano, como ser que busca sentido o tempo todo, para toda e qualquer profissão, para o professor é também um dever profissional. Faz parte de seus saberes profissionais continuar indagando, junto com seus colegas e alunos, sobre o sentido do que estão fazendo na escola. Ele está sempre em processo de construção de sentido. Como diz Celso Vasconcellos em Para onde vai o professor? Resgate do professor como sujeito de transformação, São Paulo, Editora Libertad, 1995, p. 49. , “o sentido não está pronto em algum lugar esperando ser descoberto. O sentido não advém de uma esfera transcendente, nem da imanência do objeto ou ainda de um simples jogo lógico-formal. É uma construção do sujeito! Daí falarmos em produção. Quem vai produzir é o sujeito, só que não de forma isolada, mas num contexto histórico e coletivo (...). Ser professor, na acepção mais genuína, é ser capaz de fazer o outro aprender, desenvolver-se criticamente. Como a aprendizagem é um processo ativo, não vai se dar, portanto, se não houver articulação da proposta de trabalho com a existência do aluno; mas também do professor, pois se não estiver acreditando, se não estiver vendo sentido naquilo, como poderá provocar no aluno o desejo de conhecer?”

Os dois maiores educadores do século passado, John Dewey e Paulo Freire, cada um a seu modo, procuraram responder a essa questão e centraram suas análises na relação entre “educação e vida”, reagindo às pedagogias tecnicistas do seu tempo – tanto de esquerda quanto de direita – que só se preocupavam com métodos e técnicas. “Gostaria de ser lembrando como alguém que amou a vida”, disse Paulo Freire duas semanas antes de falecer. A educação só tem sentido como vida. Ela é vida. A escola perdeu seu sentido de humanização quando ela virou mercadoria, quando deixar de ser o lugar onde a gente aprende a ser gente, para tornar-se o lugar onde as crianças e os jovens vão para aprender a competir no mercado.

Por isso, hoje, o professor precisa mostrar que o neoliberalismo, com sua política de mercantilização da educação, tornou a sua profissão descartável. É preciso mostrar também que uma educação de qualidade para todos é inviável e contrária ao projeto político neoliberal capitalista. É preciso fazer a análise crítica, social, econômica. Mas tudo isso não basta. É preciso que a rigorosa análise da situação não fique nela, mas aponte caminhos e nos indique como caminhar. Caso contrário, as análises sociológicas e políticas, por mais rigorosas e corretas que sejam, ajudam apenas para manter o imobilismo e a falta de perspectivas para o educador. Há que superar tanto o imobilismo quanto a prática do imediatismo tarefeiro e descomprometido com um projeto amplo de socidade.

O poder do professor está tanto na sua capacidade de refletir criticamente sobre a realidade para transformá-la quanto na possibilidade de formar um grupo de companheiros e companheiras para lutar por uma causa comum. Paulo Freire insistia que a escola transformadora era a “escola de companheirismo”, por isso sua pedagogia é uma pedagogia do diálogo, das trocas, do encontro, das redes solidárias. “Companheiro” vem do latim e significa “aquele que partilha o pão”. Trata-se portanto de uma postura radical ao mesmo tempo crítica e solidária.

Às vezes somos apenas críticos e perdemos o afeto dos outros por falta de companheirismo. Não haverá superação das condições atuais do magistério sem um profundo sentimento de companheirismo. Lutando sozinhos chegaremos apenas à frustração, ao desânimo, à lamúria. Daí o sentido profundamente ético dessa profissão. No fundo, para enfrentar a barbárie neoliberal na educação vale ainda a tese de Marx de que “o próprio educador deve ser educado”, educado para a construção histórica de um sentido novo de seu papel.


Concluo dizendo que “Ser professor é”...

Falar da docência é falar das várias profissões que transpõem e se sobrepõem a esta.

Enquanto professores...

Somos mágicos, ao fazermos malabares com diversas situações que atingem nossa imagem e a vida pessoal.

Somos atores, somos atrizes, que interpretam a vida como ela é, sentimos e transmitimos emoções ao conviver com tantas performances.

Somos médicos, ao receber crianças adoentadas pela miséria, pela falta de tempo da família, pela carência de tempo de viver a própria infância.

Somos psicólogos, ao ouvir as lamentações advindas de uma realidade dura, que quase sempre nos impede de agir diante do pouco a se fazer.

Somos faxineiros, ao tentarmos lavar a alma dos pequenos, das mazelas que machucam estes seres tão frágeis e tão heróicos ao mesmo tempo.

Somos arquitetos, ao tentarmos construir conhecimentos, que nem sabemos se precisos, que nem sabemos se adequados.

É só parar para pensar que talvez seja possível encontrar em cada profissão existente um traço de nós professores.

Contudo, ser professor, ser professora é ser único, pois a docência está em tudo, passa por todos, é a profissão mais difícil, mas a mais necessária.

Ser professor é ser essência, não sabemos as respostas.

Estamos sempre tentando, às vezes acertamos, outras erramos, sempre mediamos.

Ser professor é ainda aprender que:

Cada dia é um desafio, cada aluno é uma lição e que cada plano é um crescimento.

Professor ama e odeia seu ofício de ensinar

Ofício que arde e queima

Parece mágica, ou mesmo feitiço.

Na verdade, não larga essa luta que é de muitos.

O segredo está em seus alunos, na sua sala de aula, na alegria de ensinar, a realização que vem da alma e não se pode explicar.

Ser professor não basta ser bom... tem que gostar.

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